Oi gente!
Já contamos sobre nossa experiência em Recife (PE) no Castelo de Brennand NESSE POST AQUI. Esse é um passeio que pode ser combinado com outros no mesmo dia como a Fundação Gilberto Freyre, o bairro Poço de Panela (com seus casarões junto ao Rio Capibaribe) e a Oficina Francisco brennand, o primo do colecionador Ricardo Brennand, do Instituto Ricardo Brennand. Nesse post falaremos sobre nossa visita ao Museu e Oficina de Cerâmica de Francisco Brennand.
Accademia
Francisco Brennand
Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu a 11 de junho de 1927 na cidade do Recife (PE) e faleceu em 19 de dezembro de 2019. Cresceu sempre em contato com a arte, interessado em desenho e literatura. Foi colega de outro célebre artista nordestino, Ariano Suassuna, com quem editava um jornal literário nas épocas do colégio. A grande paixão da juventude de Francisco eram as pinturas a óleo, mas depois de visitar uma exposição de cerâmicas de Picasso na França, em 1948, sua vocação artística mudou completamente.
A grande influência para suas obras veio de sua passagem por Barcelona, quando conheceu o trabalho de Gaudí, com suas formas sinuosas e impressionantes. Quando retornou ao Brasil, já era completamente apaixonado pela cerâmica e fez do trabalho com o material a sua vida.
Em novembro de 1971, o artista começou a reconstruir a Olaria São João, uma antiga fábrica de tijolos e telhas fundada pelo seu pai em 1917, instalada nas terras do Engenho Santos Cosme e Damião, no bairro da Várzea em Recife. Deu início então, a um misto de museu, santuário e ateliê, um projeto colossal de esculturas e cerâmicas para povoar os espaços internos e externos do ambiente. Hoje, após décadas de trabalho intenso e obsessivo, nos confrontamos com o complexo do visionário e maior ceramista brasileiro. Cercada por remanescentes da Mata Atlântica, a Cerâmica São João é fonte inspiradora da história do artista pernambucano.
O complexo do museu-ateliê tem uma área externa – com jardins, e uma área interna – que funciona nos antigos galpões da Cerâmica São João. O artista, cria um universo particular repleto de templos, pinturas, painéis de azulejos e esculturas, além de jardins projetos por Burle Marx. A visita pode terminar no showroom do artista, que aceita encomendas de azulejos, ou na boa lanchonete. Prepare-se para penetrar num laboratório repleto de criaturas míticas e formas delirantes que transpiram erotismo. Em alguns momentos você não vai saber se está num museu ou no parque de diversões particular do artista. É isso (e não exatamente a estética) que faz de Brennand o Gaudí pernambucano.
A Oficina Brennand
A oficina reúne mais de duas mil obras do ceramista. Funcionários de Brennand confeccionam peças de cerâmica com toque do artista e algumas peças são vendidas na lojinha dentro do complexo. O espaço impressiona pela grandeza e originalidade das peças de diferentes tamanhos e cores. As formas inusitadas despertam curiosidade, intrigam e perturbam. Cada espaço dentro da Oficina Brennand tem uma característica própria. O mundo que Francisco criou é um universo de sonhos, paralelo ao nosso mundo, que não é fácil de entender, nem de visitar.
A originalidade de Francisco Brennand é incontestável. O artista sabe como ninguém imprimir seu estilo nas obras. Um componente rústico, misterioso, com um forte referência à sexualidade e sincretismo religioso. O canto gregoriano ao fundo nos acalma e nos coloca num estado reflexivo, quase místico. A Oficina Brennand parece um templo, santuário, ao mesmo tempo que é mundano e provocativo. Francisco Brennand é único.
Salão das Esculturas
Funcionando num antigo galpão da Cerâmica São João, o salão é repleto de esculturas, vasos e painéis de autoria de Francisco. É uma exposição permanente e dá pra ter uma ideia da versatilidade do artista. O curioso é que as peças, embora sejam tão diferentes, carregam aquela unidade que faz a gente identificar cada peça de Brennand.
Anfiteatro
Ao lado do salão, fica o Anfiteatro, com piso em forma de mandala. Um ambiente que é pura simetria. Parece um pouco com uma sala de banhos romana, com um espelho d’água central. Ao mesmo tempo, lembra um templo religioso, com seu enorme vitral dando cores únicas ao ambiente.
Ali ao lado, ainda ficam duas salas super escuras – que aparentemente eram fornos da velha cerâmica. Esses ambientes me perturbaram muito. O cheiro, a penumbra, a curiosidade pra conseguir enxergar o que tem ali dentro, a música. Tudo deixa uma atmosfera assustadora e provocante.
Templo Central
Fica bem ao lado do Salão das Esculturas. Mais uma vez a presença de componentes místicos, que lembram templos religiosos, misturados à várias obras com conotação sexual. É meu espaço favorito da Oficina Brennand.
Praça Burle Marx
Atrás do Templo Central fica um lindo jardim, projetado pelo paisagista Burle Marx e decorado com as esculturas de Brennand. O ambiente é puro contraste com o resto da oficina: são cores vivas, ambientes amplos, até um cisne selvagem negro que vivem soltos por lá. Um respiro de vida pura e simples, depois de tantos mistérios da mente criativa de Brennand.
Accademia
A visita continua nas construções mais distantes do galpão principal. É preciso dar a volta na Praça Burle Marx para chegar na Accademia, uma espécie de galeria onde ficam expostos cerca de 300 desenhos e pinturas de Francisco Brennand.
Cine Teatro e Templo do Sacrifício
Ao lado da Accademia, fica o Cine Teatro Deborah Brennand, nomeado em homenagem à esposa do artista. É um espaço para palestras e projeções, com algumas poucas obras expostas no hall de recepção. Por último, caminhando em direção à saída, fica o Templo do Sacrifício, um conjunto de mais algumas esculturas de Brennand, em ‘homenagem às culturas assassinadas’. O caminho da saída nos leva de volta ao café, onde podemos terminar a visita com um lanche ou almoço e uma bela vista dos jardins.
A visita pode terminar no showroom do artista, que aceita encomendas de azulejos. A obra de Francisco Brennand também pode ser admirada no Parque de Esculturas do Marco Zero, no Recife Antigo. Ali você vai ver Brennand fazendo parte da paisagem da cidade. Mas para viajar pelo seu universo criativo, só mesmo indo até a Várzea.
Entrada e Funcionamento
Terça a domingo, das 10h às 18h
Fechamento da bilheteria: 17h
Fechado às segundas-feiras
Endereço: Acesso pela Av. Caxangá, 20 km - Várzea
Telefone: (81) 3271-2466
Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada), preços pesquisados em março de 2018.
O melhor jeito de fazer esse passeio é de carro ou de uber.



























