Oi gente!
Em abril de 2018 fomos ver a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém (leia mais sobre essa viagem aqui) e nos hospedamos em Caruaru (PE). Então aproveitamos o dia seguinte para conhecer um pouco da cidade. Como era um domingo, não tinha muitas opções de locais abertos. Então, escolhemos passar por três lugares que estavam disponíveis no feriado. A primeira foi a feira de Caruaru, a famosa feira da sulanca. Realmente é como dizem, tem de tudo um pouco. Pesquisando, você encontra muita coisa de qualidade, principalmente na parte de vestuário, com preços bem acessíveis.
Museu Luiz Gonzaga
Trio pé de serra na feira de Caruaru
Dançamos um forrozinho ao som de um trio pé de serra na feira, ouvimos uma banda de pifes, almoçamos e partimos para o Museu Luiz Gonzaga. E pra encerrar, fomos ao Pólo Caruaru. Fizemos nossas compras de lembrancinhas no final. Nesse post vamos nos deter a falar sobre o que achamos mais legal, que foi conhecer o Museu Luiz Gonzaga.
Banda de Pífanos na Feira de Caruaru
O Museu se concentra basicamente em três partes. A primeira dedicada a vida e obra de Luiz Gonzaga, outra dedicada a Elba Ramalho e a terceira é o Museu do Barro, com uma sala dedicada ao Mestre Vitalino, Paga-se uma taxa simbólica de dois reais e um guia lhe acompanha na visita. O espaço cultural tem um grande estacionamento onde acontece a festa do São João de Caruaru. Tem também um auditório, uma reserva técnica para guardar as obras mais valiosas e uma sala de cinema para 50 pessoas.
Na feira de Caruaru
Nosso guia e coordenador do museu Rowano Cavalcante, já havia trabalhado quatro anos em nossa cidade João Pessoa, na TV Cabo Branco como fotógrafo. Ele foi hiper, mega, super gente boa. Ele tirou todas as nossas dúvidas e conhece tudo sobre o lugar e a cultura local.
Pólo Caruaru
As obras da primeira sala que visitamos foram construídas por artesãos locais para homenagear os 100 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, em 2012. Ele nasceu em 1912, em Exu, cidade do interior de Pernambuco, a 628 quilômetros da capital, Recife e a 589 quilômetros de Caruaru. Entre as diversas obras, nós destacamos uma miniatura da homenagem que o bloco de carnaval Galo da Madrugada fez a Gonzaga, com uma obra de cinco metros de altura. Outra obra representa o Programa de Ari Barroso da TV Tupi (primeira TV brasileira a fazer programa de auditório) onde Gonzaga é reprovado e depois ganha o prêmio máximo. Destacamos também o vestido rodado e o timão que Gonzaga falava na música "O xote das meninas". (assista nos vídeos dessa postagem)
Estátua de Luiz Gonzaga na parte externa do Museu
Uma das peças se chama "Ave Maria sertaneja" em homenagem a Santa Luzia. O dia de Santa Luzia é 13 de dezembro, o mesmo dia de Gonzaga. Lá tem também uma fantasia de carnaval que foi usada pela agremiação carnavalesca Unidos da Tijuca, terceiro lugar no Carnaval do Rio de Janeiro em 2012, Naquele ano, a Escola de Samba faz uma ala com 400 roupas em homenagem ao centenário do nascimento de Gonzaga. A escola doou uma roupa para Caruaru e outra para o Museu de Luiz Gonzaga em Exu. Por pouco, não conhecemos Onildo Almeida que foi o compositor da música "A feira de Caruaru" (e de mais 24 músicas pra Gonzaga). Ele tinha acabado de sair do Museu quando chegamos.
Ao som do melhor repertório de Gonzaga fomos visitar outra sala. Lá também se encontram o jibão e a sanfona que Gonzaga usou no último show em 1989 no Teatro Guararapes em Olinda. Entre os instrumentos, suas sanfonas que pesavam de 13 a 16 kg. Ele foi o primeiro a tocar a sanfona em pé e seus shows duravam cerca de cinco horas! Lá tem um inúmero acervo de fotos, objetos e documentos pessoais como óculos, agenda, rede, long plays e bolachões. Algumas fotos mostram ele no exército em Fortaleza, onde ele pega caxumba e fica estéril. Ele não era pai de Gonzaguinha nem de Rosinha. Gonzaguinha era filho de sua primeira mulher, uma dançarina de cabaré, que estava grávida de dois meses e não sabia, quando foi morar com Gonzaga. Assim, Gonzaga assume o filho de outro pai. O ator que fez o papel de Gonzaga (adulto) do filme "De pai pra filho" trabalha neste museu e foi descoberto na sala em que estávamos. No período do São João, esse ator se veste de Gonzaga e fica tocando recebendo os turistas no museu. Ficamos sabendo que no filme que assistimos falta 40 minutos, pois a filha de Gonzaga (que ainda é viva), da segunda esposa, entrou na justiça e conseguiu tirar esse tempo do filme, não deixou falar da vida de Gonzaga com a segunda esposa.
O instrumento que a gente conhece hoje como alfaia, na época de Gonzaga era chamado de zabumba. Tem vários instrumentos lá também como a sanfoninha pé-de-bode e o fole de oito baixos. Tem fotos do Mestre Camarão que colocava 200 pessoas tocando sanfonas de 80 e 120 baixos. Tem uma parte dedicada aos festejos juninos com as comidas típicas, receitas, objetos como a lamparina, ferro de engomar antigo e os santos São João, São Pedro e Santo Antônio. Tem imagens com Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro, a primeira banda de pífanos que acompanhou Luiz Gonzaga e os bacamarteiros originários na Guerra dos Guararapes. Tem discos e imagens da Banda de Pífanos de Caruaru que existe há 108 anos, passando de pai pra filho essa arte. Caruaru está no Guiness book há 26 anos, como a cidade mais cantada no mundo com 4.600 músicas. A cidade produz 26 comidas gigantes no São João, como uma cuscuzeira imensa, que passa três dias cozinhando o cuscuz e depois a comida é distribuída de graça, com bode guisado e cerveja, rs.
Gonzaga nunca estudou música, mas conhecia realmente o instrumento. Era autodidata e criou a formação do trio pé de serra com triângulo, sanfona e zabumba. Boa parte do acervo que está lá é graças a doação de sua filha. Gonzaga era maçom. Ele usava uma coleção de óculos devido a uma cicatriz que tinha no olho com 34 pontos. A cicatriz é fruto de um acidente de carro que ele sofreu, quando a direção quebrou e ele caiu de uma ponte dentro do rio. Naquela época, só cuidou da cicatriz do olho e das escoriações. Passou 12 anos e 8 meses com um fêmur fraturado (5 cm de fratura até a bacia), sem saber, devido ao acidente.Naquela época não existia ressonância. Ele tocava sanfona, sentindo dor e só descobriu a fratura, fazendo exames ao ser diagnosticado com osteoporose.
Ele Morreu em Recife, já internado no hospital há 10 dias, de falência múltipla de órgãos, por infecção generalizada. No museu há o seu "Diploma de Falecimento". Até 1989, toda cidade do interior tinham duas ordens de liberação de corpo: o diploma de falecimento e a certidão de óbito dada pelos hospitais. A diocese tirava esse diploma, e com o tempo, diminuiu o seu tamanho, transformando-se no "santinho" com a foto do falecido. Tocou junto com Gonzaguinha uma única vez sendo no Canecão no Rio de Janeiro. Passou dois dias pra ser enterrado com tantas homenagens.
Para nós foi uma grande experiência e oportunidade conhecer mais um pouco da história e da obra de Gonzagão, um dos maiores artistas da música popular brasileira. Comentamos aqui sobre alguns aspectos que se destacaram para nós, ou foram novas informações adicionadas ao que já conhecemos sobre a vida e obra do Mestre Lua. Ainda queremos visitar Exu (PE) um dia, para viver mais de perto essa emoção de estar perto do Rei do Baião.
Para nós foi uma grande experiência e oportunidade conhecer mais um pouco da história e da obra de Gonzagão, um dos maiores artistas da música popular brasileira. Comentamos aqui sobre alguns aspectos que se destacaram para nós, ou foram novas informações adicionadas ao que já conhecemos sobre a vida e obra do Mestre Lua. Ainda queremos visitar Exu (PE) um dia, para viver mais de perto essa emoção de estar perto do Rei do Baião.



